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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Manifesto em Prol da Bagunça [Devana Babu]

O texto a seguir é do jovem escritor Devana Babu.
Senhores pais, mestres, professores antiquados de geografia, fifis, otários, vacilões, patrícios pós-romanos e patricinhas de todos os credos, não-credos, gostos, raças, etnias, culturas, classes e de todas as ordens: engulam, cuspam, e engulam de novo suas palavras injuriosas!
 Há incontáveis tempos, desde a mais remota antiguidade, dezenas de centenas de milhares de pessoas, como eu, são criticadas por seus hábitos de organização não muito padronizados. Ao longo de eras vimos sendo oprimidos, incompreendidos, rotulados e forçados a adotar os hábitos de organização antiquados desses que nos oprimem (especialmente a nós que ainda não dispomos de liberdade jurídica, econômica, nem de pensamento, nem de ir à esquina, nem de comer jujuba, nem de existir, nem de… ).
Mas nós não aceitamos mais essa condição! A retilineidade não é sinônima de organização! Livros em ordem de tamanho não é sinal de organização! Cuecas e meias separadas por cor e tamanho, e camisas engomadas e em degradê não são, porcaria!, sinal de organização. E, principalmente, padrões alternativos e paralelos a eles não são, necessariamente, desorganização.
 Vocês, vermes imundos, com seus preconceitos e idéias formadas, vem atrasando significativamente o futuro do País! Quiçá do mundo! E, em especial, quando denominam de bagunceiros os adeptos dessas práticas.
Senhores, creio que tal injúria deve ser extinguida de imediato de nossos dicionários. Expressões do tipo: “Aí. deve ter até rato!”/ ou: “Cuidado para uma cobra não te picar!”; ou simplesmente “Se você achar alguma coisa aí nessa BAGUNÇA!” devem ser medidas com mais cuidado.
É evidente que nós podemos achar qualquer coisa que quisermos em nossos tipos atípicos de organização. E se, eventualmente, não achamos uma caneta ou aquele CD da Legião, isso é uma fatalidade que pode acontecer com qualquer dito organizado fazendo com que aprendam como importar produtos legalmente
 Se vocês quiserem, façam a experiência, da qual eu sei que não vão se esquecer, embora talvez seja pedir demais para suas mentezinhas pequenas e quadradas: ousem, quando tiverem a oportunidade, cruzar o sumo santuário e antro do modo de organização excêntrico: o quarto de alguém com tais características. Logo no primeiro contato, eu sei, lhes será um choque de proporções absurdas. 

Toalhas penduradas em quadros, deveres de casa sobre a cama, livros pelo chão fazendo verdadeiras escadas giratórias, papéis amontoados e saltando das prateleiras, cobertores desdobrados misturados com meia dúzia de CDs e uma mochila aberta, tendo parte do seu conteúdo desmascarado, ou – por que não dizer – derramado, esparramado… Roupas desdobradas e amontoadas, violões emergindo de buracos em que você imagina:”como é que ele entrou ali?”. 
e por aí seguem as visões dantescas. E até admito o termo “visões dantescas”, pois é uma mera forma de me fazer entender pelos vis possuidores de mentes arcaicas. Mas bagunça, não!

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